quinta-feira, março 15, 2007

O meu último livro...

"O amor é o sangue do sol dentro do sol. A inocência repetida mil vezes na vontade sincera de desejar que o céu compreenda. Levantam-se tempestades frágeis e delicadas na respiração vegetal do amor. Como uma planta a crescer da terra. O amor é a luz do sol a beber a voz doce dessa planta. Algo dentro de qualquer coisa profunda. O amor é o sentido de todas as palavras impossíveis. Atravessar o interior de uma montanha. Correr pelas horas originais do mundo. O amor é a paz fresca e a combustão de um incêndio dentro, dentro, dentro, dentro, dentro dos dias."

É assim que José Luís Peixoto, em "Uma casa na escuridão", descreve o amor - aquele que a sua personagem sente por uma mulher que só existe no seu interior. Uma narração que remete-nos para a escuridão dentro da escuridão e para o que nos resgata dela. A obra remeteu-me também para o tédio e a desilusão. Mas marcou-me o estilo da escrita pelo seu tom poético e musical; pela beleza da redundância; pela forma como descreve o silêncio, a podridão, a dor, o frio, a morte, os pequenos pormenores. Surpreendeu-me também o negrume da narrativa. Foi uma leitura penosa, mas uma boa descoberta literária.

L.

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