Querido Santiago:
Ao início a Vieira a roçar na mochila parecia um telemóvel e já na tua terra, o som dos bombeiros pareciam aos meus ouvidos o som de um cão. Foi assim. Um mundo feito de uma ponte e o atravessar para o outro lado da margem fez-me ver outro mundo. Um mundo construído pela face de Deus, pela sua personificação em toda a realidade que me cercava e que eu estava apta para tocar e entender. Os simbolismos escrevi-os cá dentro para transpirá-los no minuto certo. Agora, depois dos patos e cães, dos números, do sino, dos peregrinos, da família galega, do camionista, do senhor do trator, dos albergues, das pessoas dos albergues, do céu debaixo dos meus pés, da terra na minha cara, das folhas nas minhas mãos, das mãos na boca da cabra, dos pássaros a dois, dos cavalos a dois, das borboletas a duas, da água fresca, da água quente, das maças, das amoras, das uvas, dos não acasos, da noite e dia, das estrelas da Via Láctea, da lua e do sol, do príncipio e fim no limiar das montanhas e do céu, e das tuas massagens nas minhas costas e pés, dos pingos e da dor e Amor, o abraço a Ti, o sussurrar a Ti. Agora. Agora, querido Santiago, vejo melhor o caminho lá fora, vejo mais novo em paisagens velhas, vejo mais Ágape no coração e mais prática depois da teoria. E tudo porque creio em Ti, creio nas minhas amigas que sempre me deram a mão, como se fosses Tu a dar-me. A Raquel pelo olhar maternal como sempre me olhou, a Ana pela coragem que me incitou, a Paula pelo braço forte que me despertou e a Lila pelos ensinamentos e esperança e entusiasmo que me ofereceu. E a mim, por que me amo e me sinto uma fazedora de sonhos e por nunca ter perdido a Vontade e o amor pela Conquista. Sou feliz.Com ternura,
Joana
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