quarta-feira, setembro 01, 2004

Queridas amigas,

Regressei das minhas longas férias. Estive em Normandia, a pisar a terra e a ver o mar onde os americanos desenbarcaram à 60 anos atrás (o dia D), aquando a II Guerra Mundial; a visitar cidades que ficaram completamente destruídas com a guerra, onde as únicas construções que têm mais de 60 anos estam marcadas pelos bombardeios. É simplesmente impressionante!Confesso que não sabia que existiam tais vestígios da guerra. Muros e casas atingidas com os buracos das balas. Plataformas no mar onde navios com mercadorias e blindados americanos desenbarcavam. Bunkers e outras construções ao longo de toda a costa, por cima de todas as falésias, por onde os alemães faziam a sua defesa. Terra com covas largas e fundas das bombas que ali caíram (dizia-se que aqueles lugares eram verdadeiros santuários, pelos mortos que alí deviam estar enterrados). Museus com as roupas e utensílios que os soldados usavam, com as artilharias, carros de guerra, aviões, pontes... as cartas que escreviam aos pais e às amadas. Foi comovente ver tudo isso. Pela primeira vez, a guerra deixou de ser para mim um livro de história e senti um cheiro do que foi... eu com os pés numa costa, junto de bunkers alemães e à minha frente o mar, onde eu sabia que americanos chegavam de barco e lançavam-se ao mar... haveria esperança?! Meu Deus... eles saíam dos barcos para morrer, não havia outra alternativa. "Carne para canhão".
Depois de todas estas emoções, apeteceu-me chorar quando vi veteranos da guerra ao vivo!! Homens cheios de rugas, com memórias únicas incapazes de serem descritas ou sentidas por qualquer um de nós. Senti-me arrepiada... que Homens!! Como é possível viver com tais memórias... homens que lançaram-se à morte, homens que viram todos os companheiros a morrer, homens que lutaram por nós, pela humanidade!!
O cemitério americano... Paz! Serenidade! Beleza! E por mais palavras que tente arranjar, não consigo descrever o que senti. Todos aqueles que ali estavam, todos foram Homens de uma força e coragem inimaginável.
Quando cheguei a casa, quiz ver "O resgate do soldado Ryan"... o filme mostra exactamente o que eu imaginei e senti quando pisei as praias da Normandia...

Enfim, uma viagem emocionante.

Joana,
cada dia que passava, pensava nos lugares que estarias a percorrer no Caminho. Quando recebi a tua mensagem, senti que eras tu... estava à tua espera. Fico muito feliz pelo Caminho te ter sido tão delicioso, tão mágico. Feliz por me recordares que o Caminho é mesmo especial.
Tenho pena de não ter estado contigo antes de regressares à Holanda... mas sinto a tua presença e amizade e isso é o que importa. Espero ansiosamente a tua carta... Obrigada pelas vieiras que um dia farás chegar às minhas mãos... Que o regresso à Holanda seja cheio de felicidade.

Anitas, Quel e Paula,
Hoje começa uma nove etapa da vossa vida. Um sonho a transformar-se em realidade. Que tenham um feliz estágio. Repito as palavras da Joana... como gostaria de estar na primeira fila a assistir a uma aula vossa! Será que se um dia eu fosse, davam por mim?! Não acham que passo por novita?! Oh, como o tempo passa! Cada dia que passo, é cada vez mais escassa a minha capacidade de "ver" o futuro... não me lembro de não ser estudante.... como será a vida depois?
Bem... espero ver-vos em breve, em Braga. Podemos sempre marcar um café ou um jantar, sim senhoras professoras??

Ana Filipa,
onde andas tu, sua marota? Nunca te vi por cá!

Beijinhos,
Lila

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