quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Da vida

Estamos sempre no palco da vida. Com mais ou menos luz. Com mais ou menos argumento. Com mais ou menos público. Mas sempre em palco. É imperativo! E estar nesta jornada foi para mim motivador. Assumo que num mês senti-me mais «eu» em casa, do que em três anos. Mas existe também o backstage da vida. Aqui são delineados os preparativos da festa da vida. Onde esteve a Lila, e de onde se espera que saia, porque o palco está mesmo com a luz certa, o chão brilhante, e o tapete vermelho estendido. À tua espera! E eu, e nós, cá estamos para vergarmos o pano e decorarmos o palco como figurinos.

Joana

Da placidez

Mestre, são plácidas
Todas as horas
Que nós perdemos,
Se no perdê-las,
Qual numa jarra,
Nós pomos flores.

Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos,
Não a viver,

Mas decorrê-la,
Tranqüilos, plácidos,
Lendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios
De Natureza ...

À beira-rio,
À beira-estrada,
Conforme calha,
Sempre no mesmo
Leve descanso
De estar vivendo.

O tempo passa,
Não nos diz nada.
Envelhecemos.
Saibamos, quase
Maliciosos,
Sentir-nos ir.

Não vale a pena
Fazer um gesto.
Não se resiste
Ao deus atroz
Que os próprios filhos
Devora sempre.

Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.

Girassóis sempre
Fitando o sol,
Da vida iremos
Tranqüilos,tendo
Nem o remorso
De ter vivido.

Ricardo Reis, Mestre

[por Joana]

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Pessoa dos meus dias...

E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.

[Fernando Pessoa]

J.

Da cultura



[Rumen Koynov]

Encontra-se sempre nos enlaces das minhas lembranças - as que foram e as que estão para vir.

J.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Parabéns

Um ano de vida ...
o primeiro de uma vida repleta, plena, leve, suave e sempre a sorrir

para o Menino Delfim e para os papás babados ... muitos parabéns

domingo, fevereiro 25, 2007

Do tempo



[Tiago Estima]

Ouvir-te tocar. É o melhor sentido que tenho para ti. Dou-te a música, o melhor de mim. Cada nota é um verso de um poema que tu sabes. E, imagina tu, só para ti.

J.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

20 anos

Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será pra ti

Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar

Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor

Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme quinda à noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer

Zeca Afonso

[J.]

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Do preconceito



[Nuno Baptista]

Tantas vezes te forças na extravagância do mundo,
perdido,
sem limites,
reforças a tua exuberância num mundo que julgas Teu.
Não é.
Vives na Sua pnumbra,
isolado,
sem periferia,
acertas o passo à tua velocidade. E Ele, o mundo, perdura, ai dentro.
Porque sim.
Porque, olha, a Criação assim O quis.

J.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Do vazio




Your heart is an empty room, Death Cab For Cutie

terça-feira, fevereiro 20, 2007

carnaval




um cheirinho daquilo que foi o meu carnaval...

P.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Da nostalgia

[J. M. Soares]

E lá no meio da floresta. Longe. Havia uma porta. Nunca percebi porquê. Achei bonito. Anormal, dispensável, mas soava a mistério, e isso seduzia-me. Hoje percebo porque lá no meio da floresta. Longe. Havia uma porta. A nostalgia esvoaçava como uma cortina na liberdade de uma janela aberta. Quem entra pela porta, também sai.

J.

domingo, fevereiro 18, 2007

Da tristeza



[Jan Falkenberg]

Bom era sacudir a tristeza como quem sacode as gotas de chuva estacionadas no tecido de um guarda-chuva. Sacode, sacode.

J.

sábado, fevereiro 17, 2007

Da ausência

[José Santarém]
Não há ninguém para brincar às 'escondidas'. A cor desgastada anuncia a ausência de interesse. Ao abandono, as figuras entrelaçam-se em puzzle tomando a ausência como companhia.
J.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Da felicidade


[Carla]
Olhava como uma fotografia tremida. Fitava as zonas que os seus olhos conseguiam atingir. Era feliz quando tinha a protecção de sentir a gola aconchegada ao sorriso, fazia-lhe lembrar as cocegas das lembranças boas.
J.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Da esperança


[bart]
Trincava os dentes só de pensar que precisava de um Outro para o seu alimento. O Outro nunca aparece. Alheado da crua realidade que lhe escapa, não lê o sonho dos que o rodeam nos jornais. Há protagonistas imprimidos nas páginas de todos os dias, de todas as vidas, e cansados da impressão, vagueiam afugentados pelo Outro.
J.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Da eternidade



[Miguel Andrade]

Caminha segura e descalça de cabeça para baixo e os pés sugados pelas núvens. Não reage à tonturas, apenas segue, pelos dias suados. Segue segura e descalça até à eternidade. Talvez.

J.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Da paz



[Olhares]

Zoava sons de neve lá em cima. Assistia ao reboliço de dias vazios - os de cá de baixo. Vivia em levitação, na paz. Mergulhada num suspiro sincero, tinha-se a ela, envolta em branco-paz. Isso bastava.

J.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Da solidão


Sussurava que a solidão lhe fazia bem. Para ela, a solidão era estender-se pelo dia até rebentar a noite. Carimbava o banco da aldeia e punha-se a olhar a estrada, que por ali se abria. Era assim que fazia adormecer a solidão, espreitando pela estrada. Punha-se a cismar o mundo para além do dela. Daquela estrada.
J.

domingo, fevereiro 11, 2007



[olhares]

Por vezes perto demais. Muitas vezes recuado. Ofuscado em luz, caminhava branco e pálido sobre um tecto em minúsculas, baço. Levava até ao expoente máximo a sua nova vaga de ideias que quereriam dizer nada. Sob uma pele baça gastava-se em tempos ondulantes para se permitir um desejo.

J.

Parabéns...

... à nossa Joana...

É bom ver-te em palco.
Sentir-te perto.
Ouvir-te.
Ler-te.
Lembrar-te.

Foi neste dia, há já seis anos, que te conheci. Uma maravilhosa desgraçada noite! Sem ti, tudo teria sido muito diferente. Que bom existires para mim, para nós.

Lila

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Bom dia


J.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

[Entre a corda-bamba]

***

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Segue o teu destino, Ricardo Reis

domingo, fevereiro 04, 2007



[Olhares -

melhor fotografia do mês]

É quando te olho que peço que venhas. É quando te olho que desejo partir. Isso basta para tu e eu nos conhecermos, para nos sentirmos especiais, um no outro.

J.

sábado, fevereiro 03, 2007

Bom dia



[Olhares]

É preciso guardar algum caos em ti mesmo para fazer nascer uma estrela cadente.

F. Nietzche

J.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007



[Cindy Sherman]

E assim como assim, andamos às avessas, à procura de um mundo melhor, que não aparece, porque não tem que aparecer, a tentar resgatar sorrisos e risos e, já agora, gargalhadas, acabando sempre nos bastidores, a pensar se resultou, se a ética do nariz vermelho resultou, e se o branco que venda as rugas de uma vida imprevisível espumou um minuto que seja de refúgio,ao libertar os dentes para fora, e soltar uma alma presa. Às vezes sou palhaço.

J.