sexta-feira, março 30, 2007

É possível...

D.R.

"É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja a fugir
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros.
Se te apetecer dizer não grita comigo: não.

É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre."

Manuel Alegre, O Canto e as armas

[L.]

quinta-feira, março 29, 2007

Amar...

D.R.

"Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofias: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar..."

Fernando Pessoa

[L.]

sexta-feira, março 23, 2007

A sonhar...

D.R.

"Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias."

Sophia de Mello Breyner Andresen

[L.]

quinta-feira, março 22, 2007

Instantes

D.R.

"Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Pra poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes."

Sophia de Mello Breyner Andresen

[L.]

quarta-feira, março 21, 2007

Qual o Caminho?


[L.]

sexta-feira, março 16, 2007

A essência da Igreja Católica!

D.R.

Diz-se que, esta semana, Bento XVI lançou o documento mais importante do seu pontificado: reafirmou o celibato dos padres - aquele princípio que leva muitos a serem uns pedófilos e tarados dissimulados; condenou certos cânticos e manifestações como palmas nas missas - aqueles que até cativavam alguns jovens à igreja, dando vida e alegria à celebração; defendeu a ex-comunhão dos divorciados - como se as vítimas de um casamento infeliz merecessem ser desprezados pela sociedade...
Hoje, também se soube que o Vaticano pressionou os clínicos do Hospital San Rafael de Granada, da Ordem de S. João de Deus, a transferirem Inmaculada Echevarría - há 10 anos mantida viva por um ventilador - para outra unidade de saúde, onde fosse cumprida a sua vontade: morrer.
Talvez daqui a uns séculos o Vaticano volte a pedir perdão pelos seus pecados, como já o fez pelas pessoas que matou, noutros tempos. Nessa altura, que Deus os perdoe. Porque eu, não.

L.

quinta-feira, março 15, 2007

O meu último livro...

"O amor é o sangue do sol dentro do sol. A inocência repetida mil vezes na vontade sincera de desejar que o céu compreenda. Levantam-se tempestades frágeis e delicadas na respiração vegetal do amor. Como uma planta a crescer da terra. O amor é a luz do sol a beber a voz doce dessa planta. Algo dentro de qualquer coisa profunda. O amor é o sentido de todas as palavras impossíveis. Atravessar o interior de uma montanha. Correr pelas horas originais do mundo. O amor é a paz fresca e a combustão de um incêndio dentro, dentro, dentro, dentro, dentro dos dias."

É assim que José Luís Peixoto, em "Uma casa na escuridão", descreve o amor - aquele que a sua personagem sente por uma mulher que só existe no seu interior. Uma narração que remete-nos para a escuridão dentro da escuridão e para o que nos resgata dela. A obra remeteu-me também para o tédio e a desilusão. Mas marcou-me o estilo da escrita pelo seu tom poético e musical; pela beleza da redundância; pela forma como descreve o silêncio, a podridão, a dor, o frio, a morte, os pequenos pormenores. Surpreendeu-me também o negrume da narrativa. Foi uma leitura penosa, mas uma boa descoberta literária.

L.

quarta-feira, março 14, 2007

Pensamentos soltos II

D.R.

Contigo, a ver a vida a desafiar-me, a ter um despertar diferente, a aprender algo de novo.
É bom quando a alma se impõe e trava a erosão do tempo e nos faz voltar a acreditar.

L.

segunda-feira, março 12, 2007

Pensamentos soltos

D.R.

Sozinha, a ver o significado das palavras, do abandono, do esquecimento. A ver as lágrimas secas, o desejo apagado, o estranho lugar em que me encontro. A ver o amor a gastar-se na erosão da minha memória.

L.

domingo, março 11, 2007

Parabéns!

Hoje, a nossa Ana Filipa faz anos. Espero que a caminhada até ao Alto da Pedrada tenha sido significativa. Como significativos são todos os passos que deste até agora. Parabéns, amiga! Foi muito bom ter-me cruzado contigo no Caminho. E espero rever-te em breve numa próxima encruzilhada. Levarei comigo algo que te pertence.

L.

quinta-feira, março 08, 2007

Dia Internacional da Mulher

A 8 de Março de 1857, operárias de uma fábrica de têxteis em Nova Iorque, revoltadas com as condições de trabalho precárias, entraram em greve, ocupando a fábrica. Aqui fechadas, um incêndio matou cerca de 130 manifestantes. É em homenagem a estas mulheres, e apelando à eliminação de todas as formas de discriminação contra o sexo feminino, que o Dia Internacional da Mulher é comemorado.
Mas a discriminação da mulher no mercado de trabalho continua. Destaco as inúmeras notícias que apontam um número crescente de despedimentos por gravidez - nem lhes é respeitado o direito à realização de serem mães. Assim como, num mundo onde o sexo oposto continua a sentir-se dominador, a mulher continua a ser menosprezada, humilhada, diminuida... Afinal, não somos todas nós descentes de Eva, a pecadora, a devassa, a impura??
Por isso, poupem-me! Este dia mais não diz que somos umas pobres, coitadinhas, que precisam de ser lembradas... Morreram aquelas 130 operárias, mas, hoje, ainda morrem muitas mais em outras lutas diárias. Não me parece que haja motivos para festejar. A não ser que seja proprietário de uma discoteca e tenha aqui o mote para fazer render mais uma "noite da mulher"...
Talvez um dia também se comemore o Dia Internacional do Homem... na altura em que o papel e valor da mulher na sociedade sejam realmente reconhecidos e o homem tenha que ser lembrado pelas atitudes e comportamentos inferiores que teve noutros tempos.

L.

quarta-feira, março 07, 2007

À tua espera

"Onde estiveres, eu estou
Onde tu fores, eu vou
Se tu quiseres assim
Meu corpo é o teu mundo
E um beijo um segundo
És parte de mim

Para onde olhares, eu corro
Se me faltares, eu morro
Quando vieres, distante
Solto as amarras
E tocam guitarras
Por ti, como dantes

Agarra-me esta noite
Sente o tempo que eu perdi
Agarra-me esta noite
Que amanhã não estou aqui."

[Pedro Abrunhosa]

L.

terça-feira, março 06, 2007

Qualquer dia perco-me

"Às vezes é preciso deixar que a chuva pare, que o vento sossegue e as folhas assentem. E sentir o tempo [...] Às vezes é preciso tomar fôlego" (Anita). Mas a chuva ainda não parou, o cinzento alastrou-se e as forças perderam-se.
Afinal, a espada não estava pronta. De facto, "o amor é sempre o mesmo. As pessoas é que mudam" (Joana). Ou não.

L.

Às novas estagiárias do PÚBLICO

Conheço o significado de deixar para trás uma cidade, uma universidade, uma casa. Um lugar. Conheço os afectos que se criam, os laços que se desfazem. E os que não se apagam. Conheço-lhe os cheiros, os sabores, os toques, as paisagens. As emoções. E a miscelânia que nos habita e nos empurra, num tempo onde a saudade se cruza com a ansiedade de descobrir um novo lugar.
Esse é agora o vosso tempo. À Catarina e à Diana, que nos meandros do PÚBLICO ambicionam agora dar um sentido a uma vida abafada por estudos, desejo um estágio que faça a diferença. Com os receios escondidos, entreguem-se. Aproveitem cada momento. Explorem cada género jornalístico, cada acontecimento, cada fonte, cada tensão. Aproveitem as mudanças do jornal para se infiltrarem no mundo do grafismo e da edição. E logo, logo verão que são capazes. Que a vida vos transformou.
Eu estarei aqui à espreita.

Vossa fada-madrinha.

segunda-feira, março 05, 2007

Depois do sonho...

Depois de um fim de semana de sonho, a recuperar do regresso à melancólica realidade...
Preciso que a vida me empurre para a frente e se agite.

L.

sábado, março 03, 2007

Ouvindo a mesma música

Arrumar-te a casa. Arranjar-te a roupa. Ver-te a chegar a casa com pão quente. Repousar no sofá enquanto tocas na tua Fender. Ouvirmos a mesma música. Fazer-te o jantar. Acolhermos em casa uma gatinha. Ensinares-me quem ela é. Dormirmos abraçados... E saber que é isto que quero para o resto da minha vida.

L.

sexta-feira, março 02, 2007

EU

Um pouco do que a vossa amiga anda a fazer: mais uns passos no jornalismo.

quinta-feira, março 01, 2007

O mundo mudou?

O PÚBLICO mudou. A VISÃO mudou. E conheço uma outra revista que também mudou. Só que esta última para pior: o grafismo é uma vergonha - excelente para os profissionais da área aprenderem "O que nunca se deve fazer"; a paginação enche-se de "conteúdos" descontextualizados, quais "tapa buracos" por falta de publicidade ou incapacidade de fazer-se melhor; as publireportagens e troca de favores enjoam de tão explícitas; as fotografias ficam muito aquém do que uma publicação decente deve exigir; há falta de criatividade na escrita - óptimo para um jornalista ver "O que é uma redundância"; e não sei onde andam os inserts e as legendas - fazem-se conforme os apetites do momento. Tudo isto numa banca perto de si... UPS! Não se encontra nas bancas... O preço na capa da revista - que não está à venda -, o número de exemplares na ficha técnica - que nunca são imprimidos -, e a campanha de marketing - que não saiu à rua... é só ilusão óptica. Afinal, O MUNDO NÃO MUDOU assim tanto: a ética e a deontologia profissional continuam a ser ultrapassadas em nome da ambição e do dinheiro. As promessas não passaram de mentiras. A fraude continua.
Eu é que mudei.

L.

Em palco...

No guião da vida somos levados a subir diversos palcos. Muitos ambicionados. Outros tantos inesperados. E, entre a complexidade das cenas inesperadas, improvisadas e desgastantes, nem sempre actuamos onde o público é mais expectante. Onde o público nos é mais querido.
Mas depois de um mês de ausência, fruto de atribulações várias - que nem valem a pena partilhar, pois cansam só de contar -, estou de volta. Ao palco que, agora, me aguarda. Um dos mais importantes da minha vida. Por isso, vou estar aqui. Convosco. Pelo Primeiro-Esquerdo.

Até já.

Vossa Lila